terça-feira, 28 de novembro de 2006

Os impossíveis

Obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas ou situações reais é mera coincidência.


Acordei errado hoje. Fui dormir brigado com o despertador. Resultado: de manhã ele não me chamou.
Lições da vida de solteiro nº 152: objetos inanimados são chamados assim porque não se mexem sozinhos.
Corolário nº1: despertadores não tocam se não forem ligados previamente.
Corolário nº2: temos sempre que saber, de noite, a que horas vamos ter que acordar na manhã seguinte.
Que merda...
Acordei tarde e do lado errado da cama. O lado mais longe do banheiro e do chinelo.
Esquentou de novo. Mas a gripe ainda não passou... E domingo, segundo a previsão, vai chover.
O fundo do poço não é o limite.
Meu espelho também acordou errado. Ele está cubista hoje. Tá de sacanagem comigo, o filho da puta. Bom, ou bem ele está cubista ou eu tô mesmo péssimo...
Foi o dendê. Pronto! Meu dia já começou a melhorar. Descobri um culpado!
Dor de barriga. Foi o dendê. Definitivamente. Ai...
Banho quente. Bem quente. Vou afogar o puto do espelho em vapor...
Os ingleses escolheram bem onde iam morar. Imagina as inglesas vistas sob a luz do mediterrâneo. Melhor mesmo olhar pra elas no fog londrino. Pode até ser que tenha havido uma colônia saxônica no sul da França. Só que não vingou... Darwin aplicado.
Muita roupa pra lavar. Pouca roupa pra vestir. Belo lema. Como será que se escreve isso em latim?
Logo cedo sou questionado sobre as possibilidades. Será que é possível? É possível isso?
Hoje digo logo: Não é possível. O que eu não sei... Mas hoje não é possível. Foi o dendê. Tudo culpa dele.
O mundo vai acabar. A humanidade não está com nada. Somos todos inúteis. O Congresso tá podre. O governo acabou. E digo mais, tudo foi culpa do dendê.
O dendê é a última fronteira da incivilidade. A sociedade deve ter começado quando um grupo de macaquinhos pudicos aprenderam a fazer suas necessidades longe uns dos outros. Essa é a mais remota linhagem das senhoras da sociedade.
A igreja surgiu quando escreveu em pedras essa grande verdade: Não verás as vergonhas dos seus semelhantes.
O povo, que como sabemos descende de uma outra linhagem de macacos, uito menos pudicos, insiste em viver entre os demais. E não escondem suas vergonhas. Nem com a ameaça de fogueira. E, pior, inventaram de comer dendê. A partir daí, descemos a ladeira.
Mas nos vales do mundo, por incrível que pareça, o dendê tem seus préstimos. Por exemplo, o dendê deve estar metido na origem do carnaval. De algum jeito, quando tudo dá errado, o dendê tem culpa, certo? O carnaval como todo mundo sabe é uma espécie de festa do contrário. Fica tudo de ponta cabeça. O Rei Momo é um representante da plebe. Aquela gente feia e gorda...
Se assim é, o dendê deve ter algo a ver com isso. Não me perguntem como, nem se é possível. Tudo que sei é que o dendê é culpado. Senão pelos descaminhos da humanidade, pelo menos pela minha dor de barriga! E isso me basta. Eu sou um homem em busca de verdades simples...

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