segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Acirrando as contradições.

- Mãos ao alto!
- Pô, cara, mó ruim, hein?! Mané, tiozão! Se você quer chamar mesmo a atenção, não pode chegar mandando um "Mãos ao alto!". Tem que chegar, tipo, mandando um "Perdeu, prei!". De AR na mão! Dedo embaixo da camisa fingindo 38 não dá nem pra começar...
[Olhando o dedo indicador em riste] - Bons tempos os do arco e flecha... Pelo menos o armamento do mocinho era melhor que o dos bandidos...
- E tem mais: se chegar assim, querendo "zuar" no plantão dos outros, pode dar porrada. E porrada hoje, você sabe, não acaba mais em tapa na orelha, mata-leão e olho da rua. Pode acabar com um tiro na mão. Pra nunca mais repetir a zuação. E se bobear vai parar no micro-ondas. Ou vira comida de jacaré.
- Devia ter votado no Amaral Neto. Contra quem aplica jurisprudência de excessão e pena de morte a torto e a direito só mesmo a barbárie de Estado.
- Juris o quê?
- Esquece. Tudo tem que ser assim: olho por olho?
- Ah, tem. Zuou tem que pagar.
- Qualquer um? Até menor incapaz?
- Incapaz? Quem falou em incapaz?
- Por exemplo, o que você acha dos malabaristas de sinal?
- É até engraçado. Enquanto os mané ficam olhando as bolinhas no ar, o carro de trás tá sendo assaltado.
- E se o carro assaltado é o seu?
- Aí perdeu, né. Na volta a gente queima geral.
- Queima?
- É, queima. Desce o dedo em geral.
- Mata?
- Mata. De tiro. E se não matar de primeiro, taca fogo com mané caído mesmo.
- Fogo, fogo? Ou fogo, bala?
- Bala na cara. Ou fogo mesmo se geral quiser devolver a zuação.
- Certo, certo. Entendi. E a polícia?
- Que polícia? Polícia, mineira, bandido. É tudo igual. Desce o dedo em geral.
- Não há quem defenda a ordem pública?
- As coisas só ficam em ordem se descer o dedo. Se geral tem medo tudo fica na paz. Mas se bancar mané bonzinho perde o respeito e aí é sinistro. Neguinho esculacha.
- Quer dizer que não há conversa? Não se troca idéia?
- Conversar pode, mas custa caro. Hoje em dia, com lei seca, a conversa tá em quinhentão. E neguinho pode até jogar uma letra, dá umas idéias. Mas tem que saber a sua hora e o seu local. Se jogar a letra errada, por exemplo, na mulher dos outros, pode dar merda.
- Já deu, né?
- Hã?

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial