terça-feira, 28 de novembro de 2006

Natureza, cultura e bronzeamento artificial

Não há mesmo muito de natural na humanidade. Tudo é cultura. Não é que nosso corpo e suas funções vitais sejam culturais. Todo mundo faz côco. Mas desde que damos nomes às coisas elas se tornaram linguagem e, portanto, podem tomar significados e interpretações independentes delas mesmas. Ou seja, o problema não é cagar. O problema começa quando começamos a falar disso. Como estou fazendo aqui. Eu tenho gosto em me meter em encrenca.
Tem gente que acha que o corpo é feio. Já disse antes que a civilização começa quando macaquinhos pudicos começam a se afastar dos outros para fazerem suas necessidades sozinhos e sossegados. E achando tudo feio criaram a moral e os bons costumes.
Você, pobre leitor, convive com esses macaquinhos. E, por isso, pode e vai ser constrangido através de toda sorte de instrumentos coercitivos a comportar-se como eles querem. Atenção, com o grifo. Não disse somente "comportar-se como eles" porque é bem sabido que os macaquinhos, em sua imensa maioria, são adeptos ferrenhos do "façam o que eu digo não o que eu faço".
É isso aí, pessoal! Somos constrangidos a nos enquadrar num código de conduta culturalmente dado que foi elaborado para negar aspectos variados da nossa humanidade, dos nossos desejos e necessidades. Queiram ou não queiram.
Esses códigos, dados seus diferentes graus de anti-naturalidade, podem mesmo nos levar à loucura. Há muito macaquinho doido por aí! Desconfio que o próprio conceito de loucura, que nomeia algo abstrato e portanto só pode criado e compreendido através da linguagem, tenha relação com uma tentativa dos macaquinhos de excluir, às vezes pela eliminação física, tipo "fogueira neles!", alguns dos seus confrades e compatriotas.
Negação e loucura ou fogueira. Essa é a escolha. Façam as suas. Eu fiz a minha e tô indo comprar bronzeador.

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