quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Meu, sifu!

Também eu, como a imprensa de direita (redundância óbvia que só se justifica pelo estilo inculto daquele que a utiliza), fiquei chocado e furioso com a fala do presidente transcrita no título.
Não a achei deselegante nem chula, ao contrário do que foi mais enfatizado na cobertura do caso. Mas isso pode ser visto como normal. Afinal, ao menos por hipótese, a imprensa não assume a defesa dos grossos. E, como grosso assumido, acho a contração "sifu" até meio cândida. Minha opção teria sido pela expressão na sua versão completa que além de mais forte tem a vantagem de já ser devidamente reconhecida como parte do léxico. E, além do mais, sou um conservador. Limito a doses homeopáticas meu uso de neologismos.
A responsabilidade pelo entendimento do discurso é de quem o profere e não de quem o recebe. Do bom orador pode-se conhecer a platéia sem vê-la apenas atentando para o que e, principalmente, como comunica. O presidente, com o uso da expressão popular, deixa claro para quem fala, com quem se comunica. Há quem qualifique o contato não mediado entre comandante e comandados como uma característica do populismo. Não vejo mal nenhum nesse ponto em si mesmo. O que seria um problema é se ao tentar o contato direto com seus comandados o comandante estivesse procurando escamotear a agenda que verdadeiramente trata de implementar. Não acho que esse seja o caso do nosso presidente. Mas esse é tema para outros fóruns.
O que me aviltou foi o vocativo. Ao usar gíria tão caricatamente regional, o mais alto mandatário, que é muito bom de oratória, deixa claro para quem fala. E, se estou correto em não considerá-lo populista, deixa também claro para quem governa. Isso sim me causou revolta. Da raiva passei rapidamente a frustração e de lá a comiseração. É isso aí, companheiros. Quem mora do outro lado da Dutra (da Fernão Dias, da Régis Bittencourt, da Anhangüera, etc) sifu...